Instrumentos Psicológicos

Especificamente no Brasil, existem instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP). Em consulta ao Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI (CFP, 2013), encontram-se os instrumentos de autorrelato com parecer favorável pelo CFP relacionados abaixo.

Testes Psicológicos

Testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos.
Os testes podem diferir em relação a vários aspectos:
Material: lápis e papel, informatizado, verbal, não-verbal.
Tipos: psicométrico e projetivo.


Resolução CFP 9/2018:
Art. 6º – Os testes psicológicos, para serem reconhecidos para uso profissional de psicólogas e psicólogos, devem possuir consistência técnico-científica e atender os requisitos mínimos obrigatórios.
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Inventário de Depressão de Beck Versão I e II
(BDI-I e BDI-II)

O Inventário de Depressão de Beck versão I ([BDI-I]; Cunha, 2001) foi desenvolvido para avaliar sintomas de depressão, sendo amplamente utilizado na investigação da intensidade dos sintomas depressivos, tanto em clínica como em pesquisas (Souza, 2010). Os itens da escala se referem a insatisfação, punição, tristeza, sentimento de fracasso, pessimismo, autoaversão, retrai mento social, indecisão, ideias suicidas, mudança na autoimagem, choro, insônia, dificuldade de trabalhar, perda de apetite e peso, perda de libido, fatigabilidade e preocupações somáticas. A pontuação da escala é em formato Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3), podendo ter pontuações de 0 a 63, nos 21 itens (Cunha, 2001).
Trata-se de um instrumento que permite ao avaliador identificar se há tendência à depressão, servindo para a construção de um diagnóstico (Rangé, 2001). A escala pode ser usada com pessoas entre 17 e 80 anos, sendo útil para avaliar a intensidade da depressão, podendo ser aplicada de forma individual ou coletiva, sem limite de tempo para sua aplicação.

Escala Baptista de Depressão Versão Adulto (EBADEP-A)

A Escala Baptista de Depressão (versão adulto) de Baptista (2012) foi desenvolvida com o objetivo de absorver o maior número possível de informações sobre a sintomatologia da depressão, com base no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV, APA, 1994), na classificação internacional de doenças (CID-10; OMS, 1997), na teoria cognitiva de Beck e na teoria comportamental de Fester.
Essa escala possui 45 questões, cada uma composta por uma frase positiva e negativa, tendo como opção de resposta uma escala do tipo Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3). Nessa escala, o sujeito deve responder como se sente diante das situações propostas. A pontuação mínima a ser atingida é 0; a máxima, 135.

House-Tree-Person (HTP)

O HTP de John N. Buck é uma técnica de desenhos basicamente não-verbal, na qual o avaliado deve desenhar uma casa, uma árvore e uma pessoa, em folhas distintas. É um método de interpretação da realidade, uma forma de projetar os conteúdos internos na realidade. É, ainda, um instrumento sensível às questões inconscientes (Di Leo, 1987). O desenho é uma técnica auxiliar da entrevista e permite ao examinador levantar questões sobre aspectos da personalidade do avaliado é, em suma, um método de investigação extremamente útil (Trinca, 1997).Esta técnica expressiva é eficaz pois observa, por meio dos desenhos e do inquérito, como o sujeito percebe o seu meio e como reage diante dele. Os desenhos permitem a expressão das vivências emocionais e ideacionais do avaliado (Trinca, 1997). Além da análise dos desenhos, é feita a avaliação do inquérito feito após cada desenho. O ato de verbalizar os conteúdos projetados nas folhas de papel permite ao avaliador investigar mais a fundo o sujeito.

Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister (TPC)

O Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister é um instrumento destinado à avaliação da personalidade. Nele, o avaliado executa três pirâmides coloridas no papel, de acordo com a vontade do sujeito. É muito útil na avaliação da dinâmica afetiva do paciente, sobretudo em sujeitos com dificuldades de expressão verbal (VillemorAmaral et al., 2004). Baseia-se no referencial psicanalítico para o estudo da personalidade. De acordo com as instruções do teste, por meio de quadrículos coloridos em 10 cores subdivididas em 24 tonalidades, o respondente deve formar três pirâmides que lhe pareçam bonitas, o que é seguido por um inquérito. A aplicação dura cerca de 15 minutos e a iluminação do ambiente de testagem deve ter luz natural ou tradicional, para não interferir no processo de resposta ao instrumento. O público-alvo abrange desde crianças de sete anos até idosos. No entanto, não é indicado para pessoas com dificuldades para distinguir cores.
Os estudos de validade apontaram que o Pfister é útil para o diagnóstico de alcoolistas, esquizofrênicos, pessoas com síndrome do pânico, pessoas com transtorno obsessivo compulsivo e com depressão. As cores desempenham papel importante na avaliação do Pfister, sobretudo na avaliação da depressão. As pesquisas do manual do teste e de artigos científicos apontam que, nos estados depressivos, a intensidade das cores esmaece, tornando-se sem contrastes. Mais especificamente, observou-se aumento significativo da cor verde, constância absoluta da cor violeta, maior incidência de pirâmides cortadas e formações das pirâmides, tendendo a estruturas.

Zulliger

O teste Zulliger foi desenvolvido pelo psicólogo suíço Hans Zulliger em 1948. Com métodos fundamentais do Rorschach, Zulliger buscou a criação de um instrumento que avaliasse um grande número de pessoas, de forma rápida e eficaz (Vaz, 2000). É um instrumento destinado à avaliação da personalidade, bem como ao funcionamento de seus psicodinamismos, que identifica condições intelectuais, traços de personalidade, nível de depressão e ansiedade (Manfredini & Argimon, 2009). É composto por três pranchas com manchas de tintas. Nisso, e em algumas instruções, o Zulliger segue o Rorschach. Pode ser utilizado com adultos e leva cerca de 30 minutos para aplicação. No que tange aos estudos psicométricos com o Zulliger, foi verificada a fidedignidade por teste-reteste e entre avaliadores, bem como estudos de evidências de validade com base na estrutura interna e variáveis externas (por exemplo, diagnósticos psiquiátricos e desempenho profissional).
Através da percepção de estímulos não estruturados, ou seja, manchas de tinta, o avaliado expõe aspectos inconscientes de sua personalidade, auxiliando o psicólogo no diagnóstico. No manual apresentado por Vaz (2000), o estudo dos determinantes (quais aspectos da figura contribuíram para formar o conceito e determinaram a resposta da pessoa) analisa os sintomas depressivos e o conteúdo das associações. No manual mais recente do teste, há a apresentação de estudo de validade de critério com pacientes depressivos com o uso do Zulliger. Diferentemente, o Zulliger pelo sistema compreensivo (ZSC) não apresenta, por sua vez, o índice DEPI para a avaliação da depressão, pois pesquisas revelaram que, nesse instrumento, o índice não tem se mostrado eficaz para a avaliação e identificação do quadro depressivo (Franco &Villemor-Amaral, 2012; Villemor-Amaral & Machado, 2011; Villemor-Amaral & Primi, 2009). Vale ressaltar que existem publicações, não contidas no manual, com dados sobre o uso do Zulliger baseados em indicadores para depressão (Villemor-Amaral & Machado, 2011).