Especificamente no Brasil, existem instrumentos aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia
(CFP). Em consulta ao Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos – SATEPSI (CFP, 2013), encontram-se
os instrumentos de autorrelato com parecer
favorável pelo CFP relacionados abaixo.
Testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de
observação e registro de amostras de comportamentos e respostas
de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar
características e processos psicológicos.
Os testes podem diferir em relação a vários aspectos:
Material: lápis e papel, informatizado, verbal, não-verbal.
Tipos: psicométrico e projetivo.
O Inventário de Depressão de Beck versão I ([BDI-I]; Cunha, 2001)
foi desenvolvido para avaliar sintomas de depressão, sendo amplamente utilizado na investigação da
intensidade dos sintomas depressivos, tanto em clínica como em pesquisas (Souza, 2010). Os itens da
escala se referem a insatisfação, punição, tristeza, sentimento de fracasso, pessimismo, autoaversão,
retrai mento social, indecisão, ideias suicidas, mudança na autoimagem, choro, insônia, dificuldade de
trabalhar, perda de apetite e peso, perda de libido, fatigabilidade e preocupações somáticas.
A pontuação da escala é em formato Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3), podendo ter pontuações de 0 a 63,
nos 21 itens (Cunha, 2001).
Trata-se de um instrumento que permite ao avaliador identificar se há tendência
à depressão, servindo para a construção de um diagnóstico (Rangé, 2001). A escala pode ser usada com pessoas entre
17 e 80 anos, sendo útil para avaliar a intensidade da depressão, podendo ser aplicada de forma individual ou coletiva, sem limite de tempo para sua aplicação.
A Escala Baptista de Depressão (versão adulto) de
Baptista (2012) foi desenvolvida com o objetivo de absorver o maior número possível de informações
sobre a sintomatologia da depressão, com base no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(DSM-IV, APA, 1994), na classificação internacional de doenças (CID-10; OMS,
1997), na teoria cognitiva de Beck e na teoria comportamental de Fester.
Essa escala possui 45 questões, cada uma composta por uma frase positiva e negativa, tendo como
opção de resposta uma escala do tipo Likert de 4 pontos (0, 1, 2 e 3). Nessa escala, o sujeito deve responder como se
sente diante das situações propostas. A pontuação mínima a ser atingida é 0; a máxima, 135.
O HTP de John N. Buck é uma técnica de desenhos basicamente não-verbal, na qual o avaliado deve desenhar uma casa, uma árvore e uma pessoa, em folhas distintas. É um método de interpretação da realidade, uma forma de projetar os conteúdos internos na realidade. É, ainda, um instrumento sensível às questões inconscientes (Di Leo, 1987). O desenho é uma técnica auxiliar da entrevista e permite ao examinador levantar questões sobre aspectos da personalidade do avaliado é, em suma, um método de investigação extremamente útil (Trinca, 1997).Esta técnica expressiva é eficaz pois observa, por meio dos desenhos e do inquérito, como o sujeito percebe o seu meio e como reage diante dele. Os desenhos permitem a expressão das vivências emocionais e ideacionais do avaliado (Trinca, 1997). Além da análise dos desenhos, é feita a avaliação do inquérito feito após cada desenho. O ato de verbalizar os conteúdos projetados nas folhas de papel permite ao avaliador investigar mais a fundo o sujeito.
O Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister é um
instrumento destinado à avaliação da personalidade.
Nele, o avaliado executa três pirâmides coloridas no papel, de acordo com a vontade do sujeito. É muito útil na
avaliação da dinâmica afetiva do paciente, sobretudo em
sujeitos com dificuldades de expressão verbal (VillemorAmaral et al., 2004). Baseia-se no referencial psicanalítico
para o estudo da personalidade. De acordo com as instruções do teste, por meio de quadrículos coloridos em
10 cores subdivididas em 24 tonalidades, o respondente
deve formar três pirâmides que lhe pareçam bonitas, o
que é seguido por um inquérito. A aplicação dura cerca
de 15 minutos e a iluminação do ambiente de testagem
deve ter luz natural ou tradicional, para não interferir
no processo de resposta ao instrumento. O público-alvo
abrange desde crianças de sete anos até idosos. No entanto, não é indicado para pessoas com dificuldades para
distinguir cores.
Os estudos de validade apontaram que o Pfister é útil
para o diagnóstico de alcoolistas, esquizofrênicos, pessoas
com síndrome do pânico, pessoas com transtorno obsessivo compulsivo e com depressão. As cores desempenham
papel importante na avaliação do Pfister, sobretudo na
avaliação da depressão. As pesquisas do manual do teste
e de artigos científicos apontam que, nos estados depressivos, a intensidade das cores esmaece, tornando-se sem
contrastes. Mais especificamente, observou-se aumento
significativo da cor verde, constância absoluta da cor violeta, maior incidência de pirâmides cortadas e formações
das pirâmides, tendendo a estruturas.
O teste Zulliger foi desenvolvido pelo psicólogo suíço Hans Zulliger em 1948. Com métodos fundamentais
do Rorschach, Zulliger buscou a criação de um instrumento que avaliasse um grande número de pessoas, de
forma rápida e eficaz (Vaz, 2000). É um instrumento
destinado à avaliação da personalidade, bem como ao
funcionamento de seus psicodinamismos, que identifica condições intelectuais, traços de personalidade, nível de depressão e ansiedade (Manfredini & Argimon,
2009). É composto por três pranchas com manchas de
tintas. Nisso, e em algumas instruções, o Zulliger segue
o Rorschach. Pode ser utilizado com adultos e leva cerca
de 30 minutos para aplicação. No que tange aos estudos
psicométricos com o Zulliger, foi verificada a fidedignidade por teste-reteste e entre avaliadores, bem como
estudos de evidências de validade com base na estrutura
interna e variáveis externas (por exemplo, diagnósticos
psiquiátricos e desempenho profissional).
Através da percepção de estímulos não estruturados, ou seja, manchas de tinta, o avaliado expõe aspectos inconscientes de sua personalidade, auxiliando
o psicólogo no diagnóstico. No manual apresentado
por Vaz (2000), o estudo dos determinantes (quais aspectos da figura contribuíram para formar o conceito e
determinaram a resposta da pessoa) analisa os sintomas
depressivos e o conteúdo das associações. No manual
mais recente do teste, há a apresentação de estudo de
validade de critério com pacientes depressivos com o
uso do Zulliger. Diferentemente, o Zulliger pelo sistema compreensivo (ZSC) não apresenta, por sua vez, o
índice DEPI para a avaliação da depressão, pois pesquisas revelaram que, nesse instrumento, o índice não tem
se mostrado eficaz para a avaliação e identificação do
quadro depressivo (Franco &Villemor-Amaral, 2012;
Villemor-Amaral & Machado, 2011; Villemor-Amaral
& Primi, 2009). Vale ressaltar que existem publicações, não contidas no manual, com dados sobre o uso
do Zulliger baseados em indicadores para depressão
(Villemor-Amaral & Machado, 2011).